domingo, 21 de setembro de 2008

O Amor


Quando o amor vier ter convosco,
Seguros embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos.
E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, embora a espada oculta sob
as asas vos possa ferir.
E quando ele falar convosco, acreditai,
Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte
devasta o jardim.
Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará. Assim como é para o
vosso crescimento também é para a vossa decadência.
Mesmo que ele suba até vós e acaricie os mais ternos ramos que tremem ao
sol,
Também até às raízes ele descerá e abaná-las-à
Enquanto elas se agarram à terra.
Como molhos de trigo ele vos junta a si.
Vos amanha para vos pôr a nu.

Vos peneira para vos libertar das impurezas.
Vos mói até à alvura.
Vos amassa até vos tomardes moldáveis;
E depois entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos tomeis pão sagrado
para a sagrada festa de Deus.
Toda estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso
coração, e, com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da
Vida.
Mas se, receosos, procurardes só a paz do amor e o prazer do amor,
Então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor,
Para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo o vosso riso, e
chorareis mas não com todas as vossas lágrimas.
O amor só se dá a si e não tira nada senão de si.
O amor não possui nem é possuído;
Pois o amor basta-se a si próprio.
Quando amardes não deveis dizer "Deus está no meu coração", mas antes
"Eu estou no coração de Deus".
E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar
dignos, dirigirá o seu curso.
O amor não tem outro desejo que o de se preencher a si próprio.
Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos:
Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite.
Para conhecer a dor de tanta ternura.
Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor;

E sangrar com vontade e alegremente.
Despertar de madrugada com um coração alado e dar graças por mais um dia
de amor;
Repousar ao fim da tarde e meditar sobre o êxtase do amor;
Regressar a casa à noite com gratidão;
E depois adormecer com uma prece para os amados do vosso coração e um
cântico de louvor nos vossos lábios.

Khalil Gilbran


Esse autor é meu preferido, esse poema foi extraido do livro "O Profeta". Esse livro é muito facil de ser encontrado, mas se quiserem eu mando por e-mail, pois tenho ele em PDF.

10 Comments:

Rafaela Fernandes said...

AAA a poesia que nos toca e reflete o mais profundo e dolorido sentimento....
Lindo parabéns ;]

Bruno Vigatto said...

nossa meu, muito legal essa poesia cara \o/

maan, to afim de fazer novas parcerias, se tiver algum interesse vamos trocar banners ;D

Obrigado
abraço!

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www.bruninhoolemon.blogspot.com

Anônimo said...

"O amor não possui nem é possuído". Gostei desta parte cara, traz a dimensão e a complexidade do amor.

Tava inspirado heim!

http://comideiaseideais.blogspot.com

Anônimo said...

hey man adorei a poesia!
o amor nos faz sentir tão mais leves e pesados ao mesmo tempo!

Elton D'Souza said...

esse sentimento de paz deveríamos ter ao final de um dia de labuta...

Provisório said...

Bela poesia...
profunda!

Neuro-Musical said...

Poesia bacana
Musicalidade legal!

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http://mundop-o-p.blogspot.com

Alexandre Silva said...

As poesias do Khalil Gibran são tudo nesse naipe. Melosas sim, mas que tem uma profundidade ferrada.
Essa não foi diferente...
Abraço
http://falandoprasparedes.blogspot.com/

Fabio said...

belo texto... mto bom!bt

Neuro-Musical said...

Olhaa eu akii comentando d novo...

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